sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

"Às Origens da Crise " de Lígia Soares 2005


Este projecto foi desenvolvido em residência artística na Tanzfabrik-Berlin e estreado em Novembro de 2005 no Festival Fabrikationen- 05 em Berlim. Foi depois apresentado na sua versão em português na Casa dÒs Dias da Água em Lisboa.

Ok. Estou pronta. Sou uma página e branco, uma tábua rasa. Podem construir em mim. Podem construir em mim. Constrói em mim. Anda! Constrói! Contrói em mim!




A história começa quando o personagem toma consciência de uma noção de existência e nunca mais consegue adequar-se a nenhuma ideia prévia de realidade. As suas falhadas tentativas de, ora se integrar na realidade, ora se escapar a esta, exime-o de sentir qualquer verdadeiro compromisso com esta. Ele encontra-se consigo fora de qualquer realidade, ele detém-se na fronteira, que separa a necessidade de integração da possibilidade de fuga, sendo impossível passar para qualquer um dos lados.

Deste modo, toda a sua existência será justificada pela precariedade da sua ligação ao real que vem paradoxalmente definir de um modo dramático a sua identidade.

Não chegou ele tarde demais a um mundo acabado? Ao qual um recém-chegado não pode acrescentar nada?

Concepção/texto/interpretação Lígia Soares Texto/ Assistência de encenação Thierry Decottignies Vídeo Lígia Soares e Thierry Decottignies Edição Vídeo/ Imagem Andresa Soares Actor Vídeo Giancarlo Pia-Mangione Concepção Gáfica Edgar Massul Vozes Off Ligia Soares, Rita Só, Thierry Decottignies Direcção Técnica Pedro Machado




1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Lígia,
Deixa-me começar por dizer que a sexualidade e a relação com a impotência orgástica, tem uma relação arquétipa com a rigidez do corpo na existência de uma disciplina imposta da moral conservadora, cujas origens se situam principalmente pela necessidade de controlar as massas de forma ditatorial e essa informação científica surgiu como resposta, nos anos 30 por Wilhelm Reich, como várias descobertas como a energia 'orgon', a energia vital da vida.
Quanto a ti, uma sugestão sendo tu para mim uma eterna inspiração, i.e., ver filmes de Louise Brooks, que é extremamente parecida contigo. Quanto ao teu plano cognitivo das sensações e da sua representação em palco, no papel, em imagem, é como lidar com uma emoção que brota da dúvida que é o motor do pensamento e saber que num desafio ou combate e sendo nós, dois corredores de fundo, o mais importante não é o combate, mas a preparação para ele. No meu caso arrisco muito e vivo por vezes nas ruas de qualquer cidade ou nas serras (onde haja pessoas) sob o signo da inspiração, mas trabalho muito a minha mente de forma lógica e cirúrgica que me dá uma autonomia de ego superior aos modos de segurança economicistas de liberdade e a crise (podes ouvir os Crise Total, banda punk da Portela, anos 80), ela e tu e eu e todos, enquanto humanos na pele do devir, temos a responsabilidade enquanto criadores, de elucidar uma saudável navagação da lucidez das massa, que no teu caso, são as pessoas que te espreitam, olhando e naturalmente levam para casa o que igualmente o que desejo para mim na qualidade de pensador, a consequência do acto criativo, na sua função redentora, como os teus olhos melancólicos...
Teu,

Eduardo Alexandre Pinto (Alex)